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Fernando Cruz Gomes
Gralhas ou… grunhos?!
Gralhas. Surgem por toda a parte onde há gente e fazem de contas que também o são, mesmo não o sendo de facto logo que abrem a boca. Pelos vistos, e sem o saberem, são primos carnais, de primeiro grau, dos grunhos – os grunhos lusitanos – que a Clara Ferreira Alves, uma finíssima articulista, há tempos descobriu. Como eles imiscuem-se na vida de toda a sociedade, entravam o caminho do mais sisudo e sabedor, sem deixar de atirar aos ares as postas de pescada que nem carapaus de gato são.
Li, há dias, que pode haver grunhos geniais. Só que essa eventual genialidade terá sempre uma frequência reduzida, já que os grunhidos, ou seja, as manifestações dos grunhos, são primitivos, estando mesmo associados ao atraso mental.
- Olha-me esta me...da! Vá para o car...o! Então esta besta não vê que eu estou aqui... que sei do que falo...!
E olham à volta para ver se outras gralhas lhe aparam o sermão. Na atávica gralhada que se vai formando, se há mais do que um... ninguém mais se entende. Em formação quase corporativa, transformam-se pacatos locais de convívio em gralheiras de fazer tremer o mais pacato dos cidadãos.
No Verão, as gralhas – que são, sobretudo, masculinos e se consideram, a toda hora, muito homens... - entendem que têm de vender o seu peixe, enfermizando a estada dos outros. Com muitos fo...-se à mistura e uns quantos f. da. p. Há dias que perdemos a conta se nos dermos ao traba-lho de enumerar os palavrões e aleivosias que se ouvem.
Dizem-me que nem é por mal. Que esta espécie de grunhos lusitanos, que foram emigrando aos poucos para toda a parte, são apenas uns pobres saloios que de nada sabem. E que atiram aos ares a sua voz altitroante para se darem ares. E para assumirem uma espécie de protagonismo que não têm.
- Era mesmo o que faltava! Este caramelo agora a dar-me música. Um porra que não sabe onde cair morto. Vá... vá... que eu não estou para aqui ficar toda a vida. Olhó o car...o! Uma cambada de cab..es que pensam que têm o rei na barriga... Se trabalhassem como eu...!
Pedaços de conversa que se ouviram, há dias, no próprio Consulado, a uma gralha que víamos, dias antes, numa repartição canadiana qualquer, quase de joelhos e de chapéu na mão a pedir o “please... please... I need...” Ali, não. Que “sou eu que pago a estas bestas, que estão aqui para me servir... f...-se”.
As gralhas. Os grunhos. Primos direitos. Uns ainda andam por lá a enfernizar os indígenas da Mãe Pátria. Os outros, transplantados para um ambiente mais sofisticado (o que nem quer dizer melhor) da emigração... andam por aí, também, com as mesmas cervejolas no bucho, com a voz entaramelada do ripanço que querem ter, olhando o seu próprio umbigo e não permitindo que ninguém lhes passe à frente, mesmo que esteja lá muito mais adiante.
Nos semáforos, nas passagens dos semáforos, ganham novos contornos. Novas asas, talvez. As gralhas não permitem que ninguém use os seus próprios direitos, se beliscarem, mesmo ao de leve, os interesses de um desses espécimes.
- Olha-me este sacana... a pensar que me fo...e! Essa agora... ó seu ca...ão.!
Atiram aos ares os palavrões sem nome e levantam o dedo seja para quem for. Arrancam com o carro numa trovoada de roncos e de... insultos. “Não queria mais nada este f. da. p. Vá-se fo...er. Era mesmo o que faltava...”
Como a Clara Ferreira Alves entendo que este espécime lusitano, quer seja grunho ou gralha... deverá começar a definhar... definhar... para se extinguir de vez. F...-se!
29.09.2005

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