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Fernando Cruz Gomes
Os emigrantes... que paguem a crise!
O ano de 1976 era ainda uma criança. No jornal “O Dia”, que então ainda se podia ler, dirigido como tinha sido pelo grande Vitorino Nemésio, a que sucedeu Alçada Baptista, havia um naipe de verdadeiros Jornalistas. Eram do grupo que a “democrática” atitude de José Saramago tinha corrido do Diário de Notícias. Nas longas noites de cavaqueira, e no meio das muitas anedotas que surgiam sempre, apareceu uma vez uma frase que haveria de ser célebre, tanto que a usávamos sempre quando queríamos zurzir nos (des)governos que iam sucedendo no País que temos.
João Fernandes – o mais “brincalhoteiro” de todos – a cada medida que visava, afinal, os que menos ganhavam, dizia: “...muito bem, os pobres que paguem a crise, claro, já que, para mais, já estão habituados... e são mais do que nós, os ricos”. O João era, em bens materiais, mais pobre do que os mais pobres... mas brincava assim com as asneiras que via fazer aos Governos – qual deles o pior – que iam abancando na mesa do orçamento...
Os povos que paguem a crise!
Agora... António Braga, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, anda por aí a dizer mais ou menos o mesmo. Os emigrantes que paguem a crise!
Em Caracas, onde o levou a sua ânsia de contactar com as comunidades, disse, alto e bom som que... Portugal espera que os seus emigrantes contribuam para o crescimento económico nacional. Disse mesmo acreditar que os portugueses que vivem fora de Portugal podem ajudar ao crescimento da economia portuguesa. Participava numa reunião com representantes do Conselho das Comunidades Portuguesas, da Banca e da Agência Portuguesa de Investimento, ali acentuando coisas mais ou menos coerentes que só pecam por não estarem englobadas num projecto sério de captação de interesse e entusiasmo.
Frisou que, além de ser uma plataforma de comunicação com a Europa e estrategicamente um ponto de encontro de muitas rotas, “Portugal é cada vez mais um país de oportunidades”. E espicaçou os presentes, opinando que “há hoje condições de desenvolvimento que permitem que haja parcerias entre os empresários tão bem sucedidos nas comunidades e os empresários que vivem em Portugal”.
Amen, diremos nós cá de longe.
Alguém nos disse que, logo após a Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética criaram autênticas agências de “caçadores de cérebros” alemães e de outras nacionalidades com eles ligados, por forma a enriquecer a sua então emergente Ciência. Era certo e sabido, por essa altura, que a Alemanha tinha cabeças poderosas. Para além do megalómano Hitler e seus sequazes havia cientistas e inventores que poderiam enriquecer a nomenclatura científica da época.
Verdade ou mentira, é bom não esquecer que a ida à Lua foi gizada e planeada por nomes alemães - onde avulta o de Von Braun - então já ao serviço dos americanos. Idênticos “feitos” se passaram, decerto, na União Soviética, onde pelos vistos até mudavam os nomes aos tais “malandros” alemães que se iam apanhando...
Hoje, Portugal, reduzido à sua mais ínfima expressão, precisava, também, de uma brigada de caçadores de cabeças. Talvez até de uma brigada de caçadores de cabeças e de... investidores. Encontra essa gente nos mais diversos confins da terra. Disseminados em vários países e a enriquecer outras culturas. Talvez a fungar saudades da terra-mãe que sempre lhes foi madrasta.
Caçadores de cabeças! Uma necessidade imperiosa para o nosso pobre país de origem, que continua, paulatinamente, a bancar de grande senhor, rico e poderoso. Que continua cego e surdo aos “clamores da saudade” - com os nossos também à mistura - que pedem, apenas, reconhecimento e lhaneza de trato. Que se interrogam sobre como é possível dedilhar lá longe as cordas piegas de um “saudosismo” que nem governantes nem governados têm, a respeito dos que, um dia, por este ou aquele motivo, sairam do torrão natal.
O sr. António Braga e os seus companheiros deveriam aprender, de facto, a lidar com as comunidades. Ele e um monte de outras pessoas que passaram pelo Palácio das Necessidades e se sentaram à “mesa do Poder”. Talvez que as comunidades – que são tratadas como “pobres” quando se trata de receber seja o que for de Portugal, pelo menos no chamado “resto do mundo” – entendessem melhor a mensagem que agora chega.

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