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Coluna do Leitor
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Dar prioridade ao que não é prioritário no ensino português (proposta curricular
A julgar pelas reacções dos Professores de Geografia e História, pais e encarregados de educação, às propostas de revisão curricular apresentado
pelo ministro da educação, chega-se a conclusão que estamos muito desfasados da realidade educativa.
Esta proposta não altera o número de horas semanais nas disciplinas em causa, muito pelo contrário, vai promover a eliminação de outras disciplinas, levando assim a extinção de milhares de postos de trabalho.
Somos bons a criticar terceiros, enchemos a boca para falar mal dos outros. É comum ouvir-se: as crianças agora não sabem nada, os professores não ensinam, os polícias são corruptos, a justiça não funciona ou funciona
mal, os políticos só pensam neles, ... E os outros?
Pois bem, relembro que muita gente que fala do tempo em que estudou, esquece sempre que não havia disciplinas como as TIC ou informática, obrigatoriedade do Inglês, e que para que estas disciplinas possam fazer
parte do curriculum do aluno é necessário aumentar a carga horária aos diferentes ciclos de ensino. Fez-se a pior asneira com o acordo ortográfico, sem um estudo aprofundado mas com consequências óbvias, mau
emprego da língua portuguesa.
Todos falam mal, desde os alunos aos governantes. as pessoas falam rápido e não há evolução pela positiva da língua portuguesa.
Voltando a proposta de distribuição equitativa da carga horária das disciplinas de História e de Geografia, não aquece nem arrefece o
curriculum do aluno, uma vez que já existem escolas com esta distribuição, o governo devia preocupar-se mais com a forma como os alunos hoje, vão
aprender a ler e escrever ao abrigo do novo acordo ortográfico e estudarem
depois ou um dia mais tarde, livros escritos antes deste \"(des)acordo ortográfico\". Se eu bem percebo o português, os assinantes deste acordo
devem saber mais do que o Luís de Camões, o Fernando Pessoa, ...
Outra preocupação importante do governo, seria criar condições para as escolas e implementar medidas preventivas e corretivas de modo a que se combata de uma vez por todas, a indisciplina e o desinteresse pela
aprendizagem. Há muitas escolas por este país fora em que os alunos e professores trabalham em condições desumanas, salas de aulas muito húmidas, com tetos a caírem aos bocados, equipamentos e materiais didáticos em estados de deterioração, sem falar de problemas sociais graves.
Eu teria muito mais a dizer, mas também estaria a repetir muita coisa já debatida na comunicação social e até no parlamento, por isso, deixo este reparo: não se iludam com a dita avaliação dos professores, porque é uma
farsa. A forma como é feita, deixa muito a desejar, porque quem avalia, consegue ser pior do que o avaliado.
Asber Silva, Lisboa
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