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Orlando Castro
Mais do mesmo... no Jornalismo
Os jornalistas portugueses (alguns, é óbvio) continuam a ter de se descalçar para contar até 12. Por muito que lhes custe, por muito que nos custe, por muito que me custe, essa é a verdade nua e crua. Isso nem sempre é visível porque, por usarem a máquina de calcular, não precisam de tirar os sapatos. E ainda bem que os não tiram. É, também, a melhor maneira de se não ver que têm as meias rotas.
E vem tudo isto a propósito do seguinte. Li hoje, dia 16, no Público que «o Presidente da Guiné-Bissau, Kumba Ialá, lançou ontem um violento ataque aos "neocolonialistas", segundo o "Expresso online", de Lisboa, afirmando que "Salazar já morreu" e que "os salazaristas devem abandonar o país"...
O Público cita o Expresso de ontem. Ontem foi, e aqui não é preciso contar até 12, dia 15. Acontece que, às 0,25 horas do dia 14, o Notícias Lusófonas fazia Manchete com o seguinte título: «Todos os salazaristas devem abandonar a Guiné-Bissau».
Esta não é a primeira e não será, com certeza, a última vez que os ditos grandes jornais, os ditos jornais de referência, dão em primeira mão o que os outros já deram alguns dias antes. É claro que o Público cita o Expresso, o Expresso cita o Público e o resto são cantigas. Também é claro que cada um cita quem quiser. É mais do mesmo, até que os leitores acordem. E um dia destes vão acordar.
Aliás já no passado dia 2, segundo uma carta publicada pelo Notícias Lusófonas, um leitor dizia: «Acabo de ler, hoje portanto, no Jornal Público uma notícia sobre o Curso de Jornalismo patrocinado pela Fundação Gulbenkian e destinado a Jornalista dos novos estados de língua portuguesa. Acontece que essa mesmo notícia foi dada por vocês há três ou quatro dias. É obra... Acresce que, também hoje e no mesmo jornal, li um bom trabalho sobre a fome em África. A mesma temática, a mesma análise, tem sido feita por Vocês há várias semanas, em vários artigos. É obra...».
Não seria mau que, até por questões éticas (será que isso ainda existe?), se fizesse mais uso da verdade. Mas a verdade é algo que provoca alergias aos que, agora chegados à profissão, se identificam como jornalistas mostrando a «carteira profissional» do partido ou a carta de recomendação de um qualquer conselho de administração de um grupo económico.
Os jornais (é claro que também as rádios e as televisões) deixaram de ser um produto feito à medida dos jornalistas e/ou dos consumidores mas, isso sim, dos empresários. São, cada vez mais, um negócio ou, melhor, uma forma de comércio. São apenas mais um produto em que os seus fazedores (jornalistas enquantos os houver, produtores de conteúdos daí para a frente) são escolhidos à, ou por, medida.
Mais do que informar, mais do que formar, têm de vender. E quem sabe o que fazer para melhor vender não são, na maioria dos casos, os jornalistas. Os jornalistas são os montadores que, de acordo com o mercado, alinham as peças de um crime, de um comício, de um atentado ou de um buraco na rua.
Se o que vende são os concursos televisivos, são essas as peças que têm de montar, pouco importando que em África morram a todos os minutos milhares de crianças ou, até, que as pensões de reforma em Portugal sejam, para a grande maioria, uma miséria.
Se o que vende é dar uma ajuda ao partido do Governo para que este ganhe as próximas eleições, são essas as peças que têm de montar, nada contando a teoria da isenção que é tão do nosso teórico agrado.
Pouco importa tudo o resto... Por muito que lhes custe, por muito que nos custe, por muito que me custe.
Orlando@orlandopressroom.com

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