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Serafim Marques



O frio que vem e a chama que rapidamente se apaga

Essa vaga de frio também atingiu o nosso país, com temperaturas negativas ou a raiar o zero graus, durante algumas noites e sempre que este tipo de factos ocorrem, logo surge matéria para o espectáculo da caridade, a que as televisões dão relevo, à faltRecentemente, a Europa foi fustigada com nevões e temperaturas baixíssimas que, nalguns países, fizeram centenas de vítimas mortais. a doutros assuntos que vendam mais nos telejornais.


Por todo o lado, muitas instituições e cidadãos acendem uma “chama de solidariedade” em torno dos sem-abrigo, idosos solitários, etc. São acções louváveis, face às contigências daqueles períodos de frio intenso, embora muitas instituições pratiquem este tipo de apoios durante o ano. Todavia, muitas das imagens que nos entram pela casa dentro são manipuladas pelas televisões e vêm carregadas de hipocrisia. Não por parte dos “agentes da caridade”, mas duma sociedade que “permite” a existência destes desafortunados da vida. Como é possível que as sociedades modernas e desenvolvidas “criem e tolerem” que ser humanos levem uma vida que nem os animais domésticos a têm? Recentemente, a UE ameaçou multar Portugal e outros países membros, porque as capoeiras das galinhas poedeiras não obedecem aos requisitos legislados! E as pessoas, principalmente os milhares de mendigos e sem-abrigos que “habitam” nas cidades ricas da UE, onde milhares de animais domésticos têm vidas de príncipes? Não pode a UE, tão autoritária a legislar em coisas tão irrelevantes, “proibir” a existência dos excluídos das sociedades modernas, afectando recursos para que essa chaga seja erradicada? Infelizmente, existem , por cá e por lá também, muitos políticos e intelectuais que, ao abrigo da liberdade individual, entendem que os desafortunados da vida são livres de seguir o seu caminho, como se aquela forma e grau de pobreza não retirasse àqueles seres humanos as possibilidades dela saírem, se para tal não forem ajudados e obrigados. Outros, partem do principio que a a riqueza material depende da própria pessoa e não da boa ou má vontade dos outros, isto é, que a riqueza está dentro de cada um e, por isso, deve -se levá-lo a acreditar e a lutar para sair do estado de pobreza.
As “cenas” que presenciamos, quando andamos por várias zonas das cidades e vilas ou que as televisões nos exibem, acabam por revoltar os mais sensíveis, face às causas e às atitudes de todos que, de uma forma ou de outra, somos responsáveis. Revoltante também porque muitos desses desafortunados recusam abandonar a vida (!) que levam , mesmo que lhes sejam oferecidas condições humanas nalgumas instituições vocacionadas para o acolhimento e ajuda. Por outro lado, as instituições que “alimentam” essa caridade, fazem-no, em muitos casos, duma forma individualista, isto é, sem integração ou complementariedade com outras instituições e entidades. A pobreza não se combate só com esmolas, mas, essencialmente, com atitudes e acções que dotem o pobre com meios para poder deixar a pobreza onde caiu ou nasceu. Os “socialismos” e a igreja (a Católica) têm lutado para eliminar as diferenças sociais e a pobreza mas não o conseguiram, porque têm apostado em vias erradas. Aqueles, acreditando que os pobres acabam quando acabarem com os ricos e esta privilegiando a prática da caridade, mas esta não se pode fazer só com o coração, mas também com a razão. Se optarem por “dar e dar”, as pessoas não vão querer outra forma de vida (a subsídio-dependência é uma “doença” dos pobres). A lógica neo-liberal é a de que as pessoas devem ser apoiadas mas também devem empenhar-se na resolução dos seus problemas, isto é, praticar a assistência mas também tentar solucionar os problemas das pessoas. Alem disso, os problemas sociais são cada vez mais complexos, pelo que a sua resolução implica respostas multidimensionais, mas a desresponsabilização cívica é também uma grave problema das sociedades modernas, cada vez mais egoístas e menos solidárias. Como existe um abismo entre os pobres e a riqueza, a melhor via é através da educação e a formação, isto é, o abismo será vencido se for vencida a ignorância, pois esta é a mãe de muitos males. “Ensina-o a pescar, em vez de lhe dares o peixe”. Não são os países ricos aqueles que têm melhor educação e formação? Esta é causa e efeito, pelo que reforça aquela máxima de que o melhor caminho para o combate à pobreza está na educação e na formação.
Desaparecido o frio das ruas das nossas cidades e vilas, logo a chama, pelo menos a “chama mediática”, se apaga e até que surja outro motivo, por exemplo época natalícia, cheias, vagas de calor ou de fogos, etc, tudo volta ao esquecimento dos cidadãos e de muitos daqueles que deveriam adoptar medidas para a resolução das “chagas da sociedade”, porque acabar ou diminuir a pobreza é um desígnio prioritário, apesar desta ser uma questão com séculos e para a qual o homem tarda em encontrar uma solução. Noutras épocas ou noutros momentos do ano, voltará a mesma chama na alma de muitos agentes do “bem-fazer”, mas também muita frieza e uma certa hipocrisia dos restantes. A esmola tem subjacente, em muitas situações, relações de poder e dependência entre aquele que a dá e o necessitado que a recebe. “O que se deve em justiça não se oferece em caridade” – J.C. Fajardo.

Serafim Marques - Economista



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